quinta-feira, 8 de março de 2012

A morte de Hugo Guimarães Drodowski

Essa história pode parecer longa, mas é sobretudo surreal. Vale a leitura para que você, que me lê e existe, não caia no golpe desse ou de qualquer outro indivíduo.

Conheci Hugo Guimarães Drodowski, o @huguimaraes, pelo Twitter. Ele veio por uma seguidora antiga, arroba que não existe mais. Seu perfil: médico, formado em Coimbra, 34 anos (hoje), mineiro que mora no Rio de Janeiro. Quando o conheci, no comecinho de 2011, ele tinha uma namorada que gostava de discrição e ai, convenientemente, ela não assumia o namoro publicamente. A tal namorada, uma blogueira conhecida de São Paulo, é amiga, de fato, de amigos.

Hugo é de uma inteligência envolvente, amigo, companheiro, muito sincero e sofrido. Insuportavelmente sofrido. A então namorada o maltratava com requintes de crueldade, abandono e falta de sentimentos. Ele é muito doente, tem imunidade baixa. E muito família.

Órfão do José Roberto, um ortopedista que também foi político em Mato Grosso. A mãe dele é a Dona Lúcia, cardiologista lá em BH, que não clinica, só dá aulas. Faz aniversário no mesmo dia que eu!!!

Vamos às irmãs. Roberta, a mais velha, ficou viúva do Gustavo faz pouco tempo. O Hugo sofreu demais, segurei a onda dele. Ela é dentista, em BH. Tem 3 filhos e a Taís, a mais velha, teve a Lori super jovem, no ano passado. Fabiana é ortopedista e separada. Ela trabalha no hospital Sarah Kubistchek. Tem dois filhos. Hugo e ela não se dão bem. Ela pede muito dinheiro emprestado. A Rosana é casada, ortopedista que não exercia a profissão e tem um filhinho. Com a Rosana eu falei no telefone. Uma querida. Todas elas, estão no Facebook e no Twitter. Com fotos, comentários, histórias.

As mulheres de Hugo são muitas. Ele tem a ex, Michele. Michele é de Belém, psicóloga, foi pra Portugal atrás dele. Ela já tinha um filho, o Henrique. Hugo quer adotá-lo oficialmente. Aí eles tiveram o Davi que tem quase 3 anos, agora.

Depois da Michele, ele contou que teve uma Carolina e uma Renata. Após, foi amante de outra Renata, casada e chefe dele. Aí encontrou a tal blogueira. Ele a amou muito, mas se desencantou porque ela era grossa. Foram meses dolorosos que eu acompanhei, como amiga. Na picuinha de se vingar da moça, ele acabou se envolvendo com uma amiga dela, outra blogueira. Segundo ele, sempre sentiu muito desejo por essa. A história é de que foram só uns beijos, mas uma pirou e brigou feio com a outra. Aí veio JT. Não sei quem é, mas andou me peitando pela timeline do Twitter e dizendo que foi viajar com Hugo para Angra. Ela queria demarcar território, sem o conhecer, ou qualquer outra alternativa.

Aí veio a viagem pra Europa e Hugo foi parar em Paris. Lá, conheceu Marcelle. De dezenove aninhos que se apaixonou loucamente por ele e engravidou do Filipe, que nasceu agora em fevereiro.

Olha, vocês tenham paciência que a história nem começou e esse inicio é meio fraco e detalhado.

Aí eu entro, não como amiga, mas como mulher. Estava sendo vítima de um troll português, mas Super Hugo me salvou! Desmascarou o cara, descobriu suas mentiras, uniu-se a mim de jeito inequívoco.

Pra completar, Hugo foi atropelado na orla carioca. Ficou acamado. Pediu afeto, atenção e carinho. Eu dei. Nessa época, ele queria tentar uma aventura comigo. Sexo entre amigos. Eu relutei infernalmente, os mais próximos sabem. Aí, um dia, ele realmente se disse envolvido. Rosana, a irmã, me disse que era óbvio que nós íamos acabar namorando, que a gente se gostava. Eu estava sozinha e quem não está fazendo nada, começa, então, a fazer nada acompanhada. Grande erro. Ele passou a me tratar de "namorada linda". Mandava emails adoráveis, recheados de “eu te amo” e planos de viagem, de shows, pedidos de comida. Enfim. Ligava 4, 5 vezes por dia. Me ocupava horas. Dividia tudo. A voz do Hugo é a de um menino. Não muito desejável, mas adorável no papel que ele criou. O papel de menino carente, dependente, mas muito, muito protetor.

Hugo nunca podia falar na webcam. Sempre desmarcava seus compromissos de maneira trágica. Suas viagens para SP acabaram por nunca acontecer. Por fim, em sua última desculpa para não vir até SP como o combinado, Hugo matou a mãe de Mariana. Quem é Mariana? No meio do meu affair virtual, ele descobriu que tinha engravidado uma ex, a Dani, aos 16 anos. O fruto disso era Mariana, estudante de medicina que hoje mora com ele. Mora porque no começo de novembro, seu pai adotivo, Celso, sua mãe e seu meio irmão, Hugo (!!!) faleceram num acidente trágico de automóvel.

Eu nem estou contando todos os fatos e desculpas que ele me contou. Muitas vezes chorando. Muitas vezes, cabisbaixo, beirando a depressão. Tantas doenças, mortes, acidentes, tristezas, perdas. O bom disso é que Hugo é muito rico, então, cura tudo isso com viagens freqüentes pra tudo quanto é lugar.

Então, fiquei doente, fui internada e tive uma recuperação longa e sofrida. Foi o momento perfeito pra que Hugo exercesse toda sua proteção. Ligava-me de 3 em 3 horas, no máximo. Queria saber os medicamentos que estava tomando. Dava instruções explícitas para que eu passasse às enfermeiras. Reclamava que achava que os médicos me visitavam pouco. Aproximou-se mais ainda de mim e obviamente, de minha mãe que permanecia comigo no hospital, como acompanhante.

Já ambos recuperados, eu da minha internação e ele doS acidenteS que se seguiram, Hugo propôs a criação de Sustenidos Resistentes. Um blog coletivo. Chamou gente. Envolveu pessoas. Entusiasmou o grupo. Das pessoas que lá escrevem, incluindo eu mesma, conheço algumas, ao vivo e em cores.

No começo do ano, após desistir de passar o réveillon no Rio com ele, eu estava exausta de tudo. Eram quatro meses de pura enrolação. Ele paralisava minha vida. Me sugava demais e parecia estranho. Comecei a brigar direto com ele. Pressionar. Por fim, ele contou que tinha acontecido algo. Uma garota do nosso círculo virtual o tinha encantado e eles estavam namorando. A suposta namorada, que chamarei de primeira dama, como ele a chamava, é amiga de uma amiga. Vive no Rio. Talvez tenha sido o erro dele. Envolver mulheres conhecidas. De tanto implorar, chorar, ligar e insistir, acabei cedendo a continuar amiga. Eu não sou menina, já levei um monte de pé na bunda. Esse, de um cara que eu não conheço, não ia me matar. Isso posto, a coisa piorou. Hugo resolveu me fazer de confidente dessa relação. Por mais que eu implorasse, desligasse o telefone na cara, me afastasse, ele continuava ligando, insistindo, procurando. “Porque me amava como amiga”. Era nítido o prazer mórbido e cruel de me fazer ciúme e me irritar com a rejeição sucedida. As pessoas que convivem muito comigo, como Amanda e Rebeca, viam as ligações dele para mim o tempo todo. Obviamente, eu e a primeira dama, nutríamos uma raiva e um ciúme uma pela outra bastante natural e alimentado por ele, dia e noite.

Então, Amanda foi viajar pra Buenos Aires. E o Dr. Hugo, também!!! Não, eles não se encontraram. Como sempre, algum imprevisto estranho, algum desencontro ou alguma tragédia aconteceram e Hugo não foi encontrado. É a vida.

A essa altura, todo mundo estava muito desconfiado. Ninguém tinha idéia do que poderia ser. Era apenas estranho: muita tragédia, muita dificuldade e muita enrolação. Além, de notoriamente ele não sentir remorso nenhum pelo que cometia e o quanto magoava as pessoas.

Então, a primeira-dama me procurou. Por telefone, sem jeito, ambas começamos a dividir a nossa história com esse personagem. Nos primeiros cinco minutos, eu já teria motivo de quebrar os dentes dessa criatura. Ele não namorava a primeira dama. Ela nunca o tinha visto. Todos os detalhes desse suposto relacionamento, com pais, irmã, sexo, saídas que ele me contava, eram apenas sordidez em palavras. Sordidez e mentira. As histórias eram as mesmas. Acidentes, febres, doenças, furos memoráveis. Chegou a fazê-la esperar por 3 horas em frente ao seu condomínio e não apareceu. Embora diga que apareceu e que tenha sido um desencontro. Então a primeira dama me contou que tinha dado busca no CRM e não havia encontrado nada.

Começa ai de fato, a caçada da verdade. Busquei tudo que pude pela internet, pelo Google e descobri milhares de furos. Vou relatar tudo. Procurei João Márcio, meu amigo e pedi que ele checasse o envolvimento de Hugo com as tais blogueiras, amigas dele. Negativo. Nenhuma das duas o conheciam. Reuni um grupo de amigos. Eles saíram em busca de outros contatos. Por fim, envolvi a polícia e um advogado. O resultado dessa busca resultou no que se segue.

Em primeiro lugar, através da internet, sem o envolvimento de investigação profissional:

1. Hugo Guimarães Drodowski não possui nenhum registro no Google, exceto os blogs, twitter e facebook que criou. Seu nome não consta no CRM. Não estudou na Universidade de Coimbra, que gentilmente forneceu a informação.

2. José Roberto Drodowski não possui nenhum registro no Google. Nem em CRM. Nem em crônicas de política.

3. Lúcia Guimarães Drodowski não possui registros no Google, nem no CRM. Não dá aula em nenhuma Universidade conhecida.

4. Roberta Drodowski não consta no Google, nem no CRO. E se ela não existe, não deve ter filhos, nem netos, nem ser viúva. Possui twitter.

5. Fabiana Drodowski não consta no Google, nem no CRM. Não trabalha no Hospital Sarah Kubistchek. Também supõe-se que não tenha filhos. Possui facebook e twitter.

6. Rosana Drodowski Maeda não consta no Google, nem no CRM. Supõe que não tenha filhos, nem marido. Possui facebook, twitter e blog.

7. As fotos de Hugo, na sua quase totalidade são sozinho. Não há irmãs, filhos, ex mulheres, namoradas. As outras fotos que ele posta, de coisas impessoais, são facilmente encontradas no Google Images. Em outro post, colocarei exemplos, mas é só procurar que costuma estar na primeira página do Google Images. Até mesmo a foto do tornozelo dele quebrado é de um blog com post de 2007.

8. No exato momento, em que termino de escrever, Hugo está apagando perfis. O perfil do Twitter de Mariana, a filha, já foi apagado.

Com a ajuda da investigação profissional:

1. Todo esse texto tem um erro de gênero grave. Hugo Guimarães Drodowski não só não existe como nome, mas é uma mulher. Seu nome é Maria Carolina Machado Martins.

2. O telefone TIM que muitos de vocês já podem ter ligado, está em nome dessa moçoila. Isso não significaria nada, exceto que a busca por seu nome resulta em golpes extremamente iguais, com outros perfis, desde 2006.

3. Há dois blogs de vítimas, dedicados exclusivamente a pegar furos dessa moça e divulgá-los. Obviamente, eles não são de grande valia em uma nova identidade, porque Carolina muda de personagem como quem muda de camiseta.

4. Nos antigos perfis há uma predominância das mesmas características: mineiro que mora no Rio, médico, em torno de 30 anos. Todos tem filho chamado Davi. Nomes recorrentes: Leonardo (nome de antigos perfis e atual melhor amigo), Mariana (foi mulher em outro perfil), Davi (filho), Mariah (comentadora dos blogs e amiga próxima), Roberta (foi irmã), Carolina (foi irmã e namorada).

5. Tem fixação por acidentes e mortes. Ambos trágicos.

6. Envolve mulheres falantes, no geral.

7. Embora, Hugo tenha apagado quase todas as fotos de seu perfil, hoje. Sei que vocês reconhecerão fotos do bebê Filipe em um dos blogs, como sendo filho do Dr Teórico. Enfim, posso ficar aqui, até amanhã, mostrando fotos falsas da caipirinha de cerveja, da cerveja saporo, do bebe, do tornozelo, do café de Amelie Poulain, da praia de Ipanema. É só buscar no Google.

8. Em um dos blogs, uma das vítimas da Srta. Maria Carolina, gravou a voz ao telefone e mandou a peritos. A voz de adolescente é a voz fingida de uma mulher de 26 a 32 anos.

9. Nos blogs também já se conseguiu mostrar que muitos dos textos tão bem escritos são plágios.

Os blogs que citei:

http://a-grande-farsa.blogspot.com/ e http://gotasdiariasdesentimento.blogspot.com/

Caso, algum de vocês duvide de mim, faça a busca por si mesmo. Vai se surpreender. Na verdade, só o fato do “Dotorugo” não ser médico e agir como tal, já seria crime. Como ele não tem CRM, estamos já conversados. As provas, no entanto, são cabais, uma a uma, olhadas com clareza e por gente que entende de assédio moral e falsidade ideológica, são coisas claríssimas.

Tenho endereço completo da moça e sei que ela mora em Teresópolis. Pouco me interessa, porque não quero olhar a cara da moça de jeito nenhum. Se alguém, por caridade, conhecer o rapaz que é utilizado nas fotos, avise-me. Eu tenho uma série de fotos salvas.

Caso, Hugo Guimarães Drodowski exista, apareça!!! Sou obrigada a gargalhar no momento em que escrevo isso.

Maria Carolina, deixe-nos, todos, em paz. Você já usurpou muito meu tempo e o de outras vítimas. Não nos procure. Não crie problemas. A polícia já está avisada da sua existência. Nós também. Você cometeu diversos crimes, mas tudo que eu te desejaria, de coração, é o hospital psiquiátrico.

Feliz dia das mulheres, Maria Carolina. A partir de hoje, experimente ser uma, com o mínimo de dignidade.

sábado, 10 de setembro de 2011

O Sombra

Tudo parece tão confuso, neste momento, mas acho natural. Ainda ecoam os olhos de meu pai vermelhos e a voz embargada, parecendo distante demais pra ser mais que surreal. "O Sombra morreu".
Minhas lágrimas caíram de maneira descontrolada e ácida, mas não consigo lembrar de nenhuma coisa triste, de fato, ao pensar nele. Ali, deitada no colo do meu pai, aos prantos, lembrei da brincadeira da Menininha do "Canto A"*. Ele repetia o desenho, infinitamente e em todas vezes, eu ria. E ele ria de volta, aquela risada única de Seu Antônio. Lembrei-me de atender o telefone e ouvir do outro lado do fio, com tom amedrontador: "É O SOMBRA". O Sombra, supostamente, era alguém assustador e mesmo que nós - eu e minha irmã - soubéssemos que era apenas Tio Toninho, num acordo tácito e lúdico, nós sempre sentíamos alguns segundos de medo, para só então, rir e sorrir. Era uma brincadeira para as pequenas sobrinhas, mas lembro-me que durou até outro dia mesmo e eu era já grande demais pra ter medo de quase qualquer coisa não palpável.
Lembrei-me que eu pude confiar nele, em um momento dos mais dolorosos, e, que mesmo não falando tão frequentemente, ele era um pouco meu segundo pai, ou algo que o valha. Lembrei-me do último abraço, da promessa que me fez fazer de que seria feliz, porque ao fim, éramos sangue do mesmo sangue e ele não permitiria que seu próprio sangue fosse infeliz.
Perdoa-me, Tio. Perdoa-me. Por não ter ido almoçar no domingo. Perdoa-me por não ouvir minha intuição me implorar em sonho pra ir te ver, quinze dias antes que você começasse uma jornada médica sem volta. Perdoa-me, mais que tudo, por não estar preparada pra me despedir. Tão absurdamente despreparada, que o Universo me pôs a seiscentos kms de distância, no dia de teu último adeus. Sei que me perdoas, onde quer que estejas, porque sei que teu coração é grande o bastante para entender o egoísmo desta noite, em que tudo que peço, é que Deus me permita te rever em algum lugar, em algum tempo.
Ah, Sombra... Isto é hora de morrer? Descansa em paz, leva meu amor por ti, contigo. Pra sempre. Por que agora quando me disserem "vai pela sombra", quem sabe, não estás tu a me proteger?

* Trocadilho com a música "Oração da Menininha do Gantois", homenagem a uma figura religiosa do candomblé baiano. ( http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A3e_Menininha_do_Gantois e http://www.youtube.com/watch?v=bHxJ_dVeqwI )

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Sobre "Nomenite"

"Ite" é aquele sufixo de inflamação. Quando eu começar a descrever esta 'doença', a nomenite, você vai achar que é uma inflamação no coração. Não é. É inflamação cerebral, os neurônios estão todos inflamados e em curto-circuito. E todas as sinapses se encaminham para um único lugar: Mr. Nome.
Homens e mulheres são vítimas, mas em sua maioria, são as mulheres, as vitimadas pela crise. Começa de maneira imperceptível e quase saudável. Principalmente, quando atinge apenas o primeiro estágio.
No primeiro estágio, o casal está bem. A moça, então, quer incluir o nome amado em todas as conversas. Os amigos aguentam. As amigas acham fofo. Então, se tudo vai bem, em um, dois meses, esta doença se cura sozinha e é rapidamente esquecida. Afinal, Mr. Nome a faz feliz e ele é um cara bacana.
O problema é quando a bendita evolui para o segundo estágio. Em 99% dos casos, o casal não está bem. Mais precisamente, sua amiga está levando um gelo ou qualquer coisa parecida do Mr. Nome. As razões são variadas, mas ela está de alguma maneira sendo negligenciada. A patologia atinge, principalmente, as que se encontram em momento de negação obsessiva dos fatos reais. E ai vamos nós.
Você conta que fez uma receita fantástica de bolo de três camadas com fios de açúcar e suspiros e que acertou tudo! É uma conversa banal. Ela te responde que gostaria da receita, mas não sabe se Mr. Nome vai gostar do bolo.
Você liga chorando porque seu irmão está com tumor cerebral e ela te consola por... exatos quinze segundos... Ela está preocupada demais porque Mr. Nome ainda não ligou.
Você convida para a liquidação mais fantástica de sapatos da temporada, mas ela quer fazer uma surpresa para Mr. Nome - que não aparece há dez dias. Vai aparecer na pelada dos amigos dele.
Por ai vai, desgraça ou alegria, saúde ou doença, tudo, todos os assuntos desembocarão em Mr. Nome. Quando não há ligação possível, ela saca o velho chavão mudando-de-assunto e mais uma vez a companhia não convidada de Mr. Nome surge.
Pior, ela fará tudo que estiver ao seu alcance, dela, para se fazer presente para Mr. Nome. Estratégias de guerra serão traçadas e na maioria das vezes, você irá ajudá-la. Horas serão gastas traçando perfis psicológicos do infeliz Mr. Nome. Justificativas infundadas, explicações estapafúrdias, pensamentos alternativos rocambolescos surgirão para diminuir a raiva que ela está nutrindo pela negligência de Mr. Nome. Traições infundadas, mentiras escabrosas, crimes surreais lhe serão imputados. Tudo em nome da "nomenite".
Cuidado! Muitas vezes se confundem estas atitudes com a "Síndrome de Polyanna". Esta seria menos danosa.
A cura vem. Em dias, meses ou anos. Quanto mais tarda a chegar, mais danos causa. No começo, a nomenite apenas lhe faz ser a café-com-leite-da-turma. Depois, você vira a chata. Por fim, se alcança tempo indeterminado, com o mal se alastrando em suas idéias, ela lhe tornará a zé-ninguém. Aquela que todo mundo tem preguiça de chamar, ligar, procurar, conversar.
Há finais felizes pra isto. Mr. Nome volta às boas e então a doença regride ao primeiro estágio e desaparece quase sem sequelas. Na outra opção, bem, ele some de vez, você amarga dias de tristeza e solidão, rompe com várias pessoas e fica tre-le-lé por um bom tempo, mas também passa. Com perdas e danos porque tem gente que não perdoa tanta encheção.
Eu já passei pela nomenite. Acho que todas minhas amigas passaram. Eu me esqueço da regra básica sempre ao tratar com alguém infectado por este lixo: a complacência. Não discorde, nunca, de nada. Sempre imagine finais cor-de-rosa e azul, de preferência com vestidos brancos. Pouco honesto, mas, às vezes, prudente.
E sabe por que ser tão complacente e compreensivo? Porque a nomenite te leva a um lugar triste. Feio, sujo, barulhento, escuro, sem janelas, sem ar. Um lugar amaldiçoado e insalubre: a solidão não desejada e auto-imposta. Não há lugar mais solitário do que o que nos colocamos ao nos obcecar por alguém ausente, negligente, impossível. O que seja. Alguém que não está presente. De corpo ou de alma. Ou de ambos. A indisponibilidade sentimental de Mr. Nome pode aniquilar os miolos de sua amiga, sua vizinha ou os seus. Para ser justa, o que aniquila mesmo é que a gente não percebe na hora certa o que está acontecendo.
Portanto, se você está sem nomenite, julgue meno, perdoe.
Se você leu o texto e se encaixou, não se zangue, tente, depois de duras lágrimas, respirar e perdoar a você mesma por ter adoecido. Acontece, mas passa. Tudo passa.

Beijo e queijo!

sábado, 3 de julho de 2010

Sobre referências




Sempre acreditei que as referências ajudam o mundo a entender melhor a vida. O que me espanta é como todo mundo usa referências aleatoriamente. Logicamente, ninguém vai saber exatamente o que o autor do filme, da música ou do texto queria de fato dizer, mas vale ser coerente com as evidências e a interpretação corrente para não se ver em maus lencóis.
Me lembro nitidamente de uma aula em que discuti docemente com o respeitado Claudio Tozzi sobre um Azul de Miró. Não, aquela mancha vermelha não era obrigatoriamente proposital e ninguém ia me convencer disto. Será? Hoje, olho a mancha, e, quem sabe, talvez, aquele vermelho que se dissolve no azul fosse proposital, um sutil aviso sobre a supremacia do azul nas predileções do artista. Supremacia da frieza sobre as latinidades calientes? Inadequação do sentimento latino numa Europa coalhada de nórdicas sensações? Não sei dizer. Falar das artes plásticas é mais subjetivo do que se pode crer.
Conversando com um aprendiz de poeta que me toca a alma com suas gotas cardíacas, de tempos em tempos, ele me esclareceu que pouco importava o que ele queria transmitir, mas o que eu sentia quando lia. Mera provocação? Altruísmo inconsciente? Vaidade da invasão sentimental? Acho que ele deseja quase que utopicamente entrar no meu, no seu universo e te fazer sentir qualquer coisa pra te fazer sair do mesmo. Interpretação minha, of course.
Mas o que falo são daquelas referências clássicas e sempre errôneas ou mal colocadas. "Vivo per lei" é sobre o amor à música e não acho conveniente que ela vire o tema musical do seu amor. "Carruagens de fogo" para a entrada da noiva me parece muito com aleluia-venci-a-maratona, o que também não me parece mensagem a ser transmitida.
A mais clássica referência que me vem à mente é a adorável "I've got you under my skin". Você pode até achar que seu amor é um vício, mas não é nada saudável admitir e jogar na cara que o escolhido (ou escolhida) te faz tão mal quanto a heroína. Sim, o que Cole Porter sentia sob sua pele não era uma mulher, era nada mais, nada menos, que heroína.
A doçura "Something Stupid", regravada recentemente por Robbie Williams e Nicole Kidman chega mais perto do real significado da canção do que a inocente gravação de pai e filha Sinatra. A canção dá a entender que estamos falando, não de uma garota machucada pelo amor que não acredita em frases como eu-te-amo, mas de uma mulher comprometida que não tem tempo para o amante. "Quédizê"...
As referências a pares românticos cinematográficos é de chorar de rir. Pelo simples fato que muitas criaturas não leram o texto, não viram o filme ou não sabem fazer interpretação de nada. Vamos lá...
*Ilsa & Rick de Casablanca. Eles se separam no final, em nome da guerra. Você tá afim mesmo de terminar seus dias com o insosso do Lazlo? Então, mocinha, você não é Ilsa. Ponto.
*Scarlett & Rhett de E o vento levou. Eles também se separam no final, com um Rhett de saco cheio do mimimi O'Hara e Scarlett fazendo a louca no meio de um fog não londrino. Não, você não quer terminar fazendo a louca.
*Romeu & Julieta. Os dois se suicidam. É por isso que é eterno. Você é suicida? Então, tem que ver isso ai.
*Tristão & Isolda. Os dois se casam com outros. Na hora que estão pra se encontrar, são enganados pela esposa traída de Tristão e todo mundo morre de tristeza. Não sou Isolda, que eu tenho mais o que fazer que morrer de tristeza.
*Guinevere & Lancelote. A infeliz é casada com Arthur, os dois a amam, mas na real, eles acabam consumando um amor homossexual. Não tenho estrutura pra isso. Não sou Alice de Viver a Vida. Tente Igraine e Uther. Menos glamour mas acontece o que interessa: amor real.
*Kate & Jack de Lost. Ah, me poupe, ninguém nem entendeu ainda se eles estão vivos ou mortos. Na minha visão, estão mortos. Mas, tipo na realidade 1, eles não conseguiram passar do beijo. Muito platônico.
*Bella & Edward de Crepúsculo. Oi? Eles nunca consumam nada. Bom dia, amada, você acha que seu amor é gay? Ok... me falaram que no fim, rola, mas que a bebê é vampira e suga todo o sangue da mãe. Ah Jesus. Vou acabar sem sangue? Tente ser Sookie e Comptom de True Blood, ao menos. É complicado, mas rola, ok? Eu disse Sookie. Não vá escolher outra personagem você vai acabar sendo rejeitada.
*Pocahontas & John Smith. Ele vai embora, meu bem. E você fica ai, peladinha, abanando a pena dando adeus. Hellooooo!
É. Eu não tenho estrutura pra isso. Prefiro ser algum par menos óbvio e mais feliz. Como Catarina & Petrucchio de A megera domada. Sinhá Vitória e Fabiano de Vidas Secas. Aurélia e Fernando de Senhora. O que eu quero mesmo é ser Sara e Jonathan de Serendipity.
Sim, eu tenho estrutura para finais felizes. Eu tenho estrutura para ser Sookie Stackhouse, Aurélia Camargo, Sara Thomas. Amores tristes ficam bem na ficção, na bossa nova. E até nesta, meu sábio amigo João Gilberto se cansa e canta: Chega de saudade, a realidade é que sem ela não sei viver.
Antes de rotular seu amor com referências estapafúrdias, descubra o que você quer, descubra quem é quem, descubra-se. Leia um pouco! Faz bem pro seu cérebro. E ame! Faz bem pra pele.
Um beijo e um queijo.

* A imagem é do filme Serendipity.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Sobre conselhos para mulheres

Se conselho fosse bom, a gente vendia, mas... eu que já peguei estradas tortuosas e quase sem volta, resolvi deixar algumas dicas... elas já me fizeram sentir melhor, ou, não fazê-las me causou dissabores. Esta sou eu, não você, mas tanta gente paga por auto-ajuda e eu não estou cobrando nada... Hoje, falo para as mulheres, estas minhas iguais que se arrebentam, sofrem, choram, mas enfim, sem elas a grande maioria dos homens acharia a vida menos graciosa e o importante é que emoções vivemos, parafraseando o rei.

*Sob qualquer hipótese, seja você. O cara te conheceu e se interessou por você mesma. Bebendo, dançando ou rindo. Se ele quer outra coisa, ele que vá procurar. Ceder é uma coisa, virar outra pessoa é pra atrizes e se você é tão boa atriz, está fazendo o que aqui que não foi ganhar o Oscar?
*Sorria. Ser mal humorada não enche barriga de ninguém e dá rugas. Ficar enchendo o saco do próximo te leva a um só lugar e ele é solitário.
*Não aceite migalhas, você pode ficar com a padaria toda.
*Levar cerveja gelada ou cozinhar uma gostosura pro seu amor não vai te fazer menor ou pior. Ouça a voz dos antigos que diziam que homem se conquista pelo estômago. Ok, eu sou suspeita, adoro cozinhar.
*Pare de criticar tudo. Você o conheceu assim, não está feliz, procure outro. Se você não admira o trabalho dele, por exemplo, sorry, a chance de amá-lo é zero. Acostume-se com a idéia.
*Seja direta. Escreva em letras garrafais ou desenhe. Homem não entende este mimimi indireto que a gente adora fazer.
*Joguinhos, só os de sedução. Chega de fingir que não gosta, que não sente falta ou que gozou. Você não é robô e se ele quisesse alguém sem coração ou alma, encararia uma boneca inflável.
*Arranje uma outra saída decente pra não transar, fora a dor de cabeça. Ativar circulação cura enxaqueca até. Isto é uma safadeza cientificamente comprovada, portanto.
*Dê o seu melhor. Se não deu certo, você sai com sua consciência limpa e não se nivelou por baixo entre os não-carinhosos e insensíveis.
*Não cisme em voz alta com nenhum contato feminino. A curiosidade masculina é absurda e ele vai tirar a prova dos nove se a tal vale a pena.
*Chega da ilusão de que você controla o outro. O máximo que você consegue é conquistar o outro.
*Suas atividades escatológicas são íntimas e ponto. Não há amor que resista a esta intimidade exagerada.
*Pare de criticar os amigos e familiares dele. Se todos são insuportáveis, reflita... ele também deve ser.
*Não entre em competição com a mãe, os filhos, a falecida ou o hobby preferido. Eles estavam lá antes de você. É provável que estarão quando você for embora.
*Tente conhecer do que ele gosta. E respeite. Ainda que seja o sertanejo que você odeia. Cada um com seu IPod ajuda a salvar amores.
*Seja companheira, não brother. Ele já tem os amigos.
*Seja cuidadosa, não maternal. Ele já tem ou teve mãe.
*Seja mulher, não dependente. Pra trocar pneu tem o borracheiro.
*Vá trabalhar, dar golpe do baú é ultra fora de moda.
*Tenha sua vida. Disponibilidade 24h não é mulher, é caixa eletrônico.
*Avise sobre sua TPM. Assim é escolha do mancebo andar em zona com minas terrestres.
*Divirta-se na sua relação, ainda que vocês estejam em um compromisso sério. De dura, já basta a vida.
*Faça amor. Por que não aproveitar o lado mais maravilhoso de um relacionamento estável que é sexo seguro?
*E no fim, não decrete "não deu certo". As coisas deram certo, mesmo que seja por uma noite. Os acontecimentos duram o que tem que durar e sempre têm algo positivo neles.
*Sofra pouco, a vida é curta. Olhe para o seu passado, com carinho e perdoe-se pelos seus erros é a chance de evoluir e viver um dia e um amor melhor.

Boa sorte, queridas. A Deusa está viva dentro de nós ;)

terça-feira, 8 de junho de 2010

Sobre Homens Marlboro

Ah.. os Homens Marlboro... Não os que fumam... Aqueles que "sobem ao cavalo"... Que te deixam no ponto... Apagam os incêndios... Te botam fogo... Te olham a alma... Pegam no colo... Despem o corpo... Não enchem o saco... Prometem e cumprem... Tão seguros... Tão distantes... Tão próximos...
Homens de atitude são raros. E seriam os mais simples. Ontem, algumas amigas chegaram a cogitar a criação de um manual para lidar com as ditas pessoas do sexo frágil. Nós. Cogito, sinceramente, que os homens viraram o sexo frágil. Nunca sabem como lidar, como agir, quando vir, quando ir embora. Não têm a sensibilidade de saber quando estamos afim e quando deixamos de estar. Parece que teremos que usar camisetas explicativas: não estou mais afim; não estou te dando mole; quero você; estou apaixonada; eu vi que isto é mentira.
Então, ficam algumas dicas básicas, em tópicos. Só não desenho, porque o blog não permite. Try it, babies! ;)

* Não minta, a menos que possa sustentar a mentira sob todas as condições. Nós podemos não contar pra vocês, mas nós percebemos tudo e isto ofende nossa inteligência. Para mentir é preciso mais do que disposição pra esconder, é preciso astúcia. Vocês são muito pouco astutos. Admitam e sejam felizes. Nós costumamos achar graça da maior parte dos fatos que vocês querem esconder. Quando nos enfurecemos, nós, as mais sábias... choramos no travesseiro... ou... levantamos e vamos embora...
* Não traia. Encare o método monogamia em série, é mais produtivo, prudente e lúdico. Além de garantir sua lucidez. Vocês não conseguem gerenciar nem uma mulher por vez, não se metam a gerenciar duas ou três...
* Não seja muito ciumento. Mulher não trai. Se te trair, o que é raro, a possibilidade de você saber é quase zero. Mulheres são perfeccionistas e não deixarão rastro. Estou falando de mulher, não de criaturas sem caráter, ok? Reflitam...
* Nunca prometa nada que não vá cumprir. Nem um mero telefonema. Sem expectativa, não há decepção. Portanto, promessas são bem-vindas, única e exclusivamente, junto a atitude.
* Tenha a decência de conhecê-la pra tipo não levá-la pra comer camarão e ela ser alérgica... ou tipo dar um presente que ela nunca usaria. Procure ajuda feminina amiga em caso de pânico.
* Não a mantenha sob disposição. Mulheres querem estar perfumadas e depiladas para sua aparição. Então, você diz o dia que vai aparecer e a hora. Para que ela seja uma mulherzinha fofa quando você chegar.... e... para que ela seja uma mulher moderna e utilize o restante do tempo para ela e não caraminholando inseguranças, traições ou afins. Ah... vc faz o planejamento, avisa e cumpre!!! É melhor alertar...
* Faça surpresas, mas evite incertas pela noite ou atitudes esquizofrênicas. Algumas são introvertidas, tímidas e outras simplesmente gostam de dormir.
* Não seja dois pesos, duas medidas. Você tem amigas, ela tem amigos. Você sai sozinho, ela também. Você joga futebol, ela tricota com as amigas. Esta regra tem pequenas exceções. Você carrega peso, troca pneus e mata baratas, ela não.
* Não grude... não suma... e descubra você, a necessidade de sua mulher. Com tato e olhos abertos é muito simples. Somos quase transparentes.
* Afaste todo tipo de encosto feminino... Falo de ex, loucas apaixonadas, amigas muito grudentas, retartadas carentes... Vale contar com a cumplicidade dela em casos mais extremos.... ou sempre, como preferir...
* Alimente-a. Alma, estômago, corpo e mente. Portanto, seja carinhoso, não a deixe passar fome, transe muito (com ela) e ensine coisas, aprenda, converse...
* Ame-a na TPM... dê chocolates... Aliás... Ame-a em qualquer dia... é melhor... e diga, demonstre, aja!
* Lembre-se: perdoamos quase tudo se você se fizer perdoar... Mulheres querem apenas o Happy Ending, mesmo que temporário. Eu, em situações confortáveis ao meu coração, assisto o jogo de futebol, cozinho, trago a cerveja, faço massagem, faço quase todas as vontades. Mas é preciso sabedoria e muito amor pra me levar a este ponto e me manter nele.

Mãos à obras, mocinhos e sejam felizes!!!
Agradecimentos à Paula Cole que canta "Where have all the cowboys gone?"

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Sobre tacar-lhe uma pedra


Ah esta menina!!! Me veio pelas ondas de transmissão... coincidentemente, ela mora do lado das ondas...

A irritação de quem "taca pedras nas pessoas"... verbalmente... eu admiro isto nesta mini-mocinha porque eu também queria, na minha cabecinha, atirar pedras em quem me agride de alguma maneira...

A doçura que pede um abraço... a leveza da sua marotagem... a seriedade que lê sobre drogas pra não deixar os amiguinhos caírem nesta fria... a ironia que se acha com cabelo de Slash.. o bom gosto que ouve Piaf e Maysa... a classe que adora a bonequinha de luxo Audrey...

Tudo isso com quatorze anos... sim... esta garotinha adorável, cheia de referências clássicas tem só quatorze primaveras...

Minha amada "afilhada", você vai muito longe, continue atenta e estudiosa dos pequenos detalhes da vida... Num futuro, não distante, vou falar com orgulho: de Santos para o jetset cultural, com vocês minha Bob linda e marota, @heyroberta!

Um beijo, um queijo, um abraço e muito amor!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Sobre os relacionamentos... virtuais... ou não...

Recentemente, uma série de acontecimentos me suscitou uma inquietação rebelde. Eu me relaciono com gente em qualquer formato. Não rotulo relacionamentos, eu rego sentimentos. De preferência, os bons.

O Twitter, pra quem não sabe, é um microblog que limita os posts a 140 caracteres. É preciso ser simpático, ácido, inteligente, genial ou engraçado em pouco espaço. Ou o que quer que seja. Acima de tudo, é preciso ter poder de síntese. Prolixos não têm vez. Ou não deveriam.

Então duas perguntas de gente querida me encafifaram: "como surgiu este amor fraternal entre vocês?" e "como vc ama ou odeia em 140 caracteres?"

Oi? Vocês não têm mais o que fazer? Por que me perguntar se eu ia ter que responder? Vocês me conhecem...

Para a primeira pergunta houve espanto em saber que, não, eu não conheço meu "irmão" twitteiro ao vivo, nem por msn, nem por telefone... nem por nada. Eu tenho uma afinidade trocada em 140 caracteres diários com uma admiração mútua, um punhado de referências e sorrisos de botas. Tweets divididos com mais uma pessoa - minha irmã por escolha - e outro irmãozinho abilolado, atento e querido.

Para a segunda, bem, eu tenho que dizer que sou conectada. Não à internet, apenas. À vida. Eu tenho uma sensibilidade à flor da pele que me faz ler gente e não só livros. Eu reconheço sensações, sentimentos, eu me identifico, eu me revolto. Eu não vou mimimizar porque são só 140 letrinhas e não dá pra ver as pessoas no seu todo. São milhares de 140 letrinhas seguidas... músicas citadas... filmes lembrados... desabafos soltos... lágrimas perdidas... rebeldias explosivas... amores declarados... saudades nem sabidas.

As pessoas se declaram tão pouco preconceituosas, mas taxam que relacionamentos virtuais são impossíveis ou estranhos ou esquizofrênicos. São relacionamentos! Atrás das letrinhas e da minifoto, tem gente de carne, ossos, sangue e corações pulsantes. É só abrir a alma mais do que os olhos. É só ter disponibilidade sentimental. Sou romântica o bastante pra enxergar nisso a versão cosmopolita e moderna das cartas de antigamente. Vejam o filme "Nunca te vi, sempre te amei", já que não posso desenhar. Qual a diferença de se encantar por alguém que te piscou em um bar cheirando a cerveja , e, se encantar por uma frase escrita na tela? Sempre se precisará falar mais, olhar mais e querer mais pra que se aprofunde as relações. Não se mede caráter ou encanto na piscada ou na teclada. Falhas na comunicação haverão em qualquer tipo de troca. É preciso afinar as sintonias entre as partes. Não estou defendendo a virtualidade, pelo contrário, saio dela assim e sempre que possível, mas não deixo de amar, me apaixonar ou me solidarizar. Face to face é imperdível, mas tão chato quanto sexo virtual é o sexo verbal. Reflita!

Tanto no virtual quanto no real, eu, por opção, escolhi ser solidária, carinhosa, atenta, educada e bom caráter. Não é porque a tela me separa de você que eu não dou bom dia, não respondo sua pergunta, não me irrito com sua patada, não choro tua dor, não me encanto com tua alma. Eu aprendo com você e com sorte, você aprende comigo. Pra quem como eu, acredita que as coisas não acontecem por acaso, faz sentido. Eu sei que conheço as pessoas por uma razão. Não sei qual muitas vezes.

Amores e amoras, eu conheço vocês de um outro lugar... ou vejo vocês em outra vida... ou não...
Tem que ver isso ai...

Agradecimentos a Nancy Sinatra por me emprestar as botas; ao Desmond por me ver em outra vida e aos inquietos - queridos demais ou um pouco menos - que me causaram os pensamentos: @madreperola, @cretinofofo @seubocasuja @pesanervos e @andreolivi

Sobre bananas


Publicado originalmente em 30 de abril de 2010. Era uma noite quente e rebelde.


Odeio bananas. Desde que me lembro.
Reza a lenda oficial familiar que minha mãe comeu banana os nove meses da gestação, para evitar enjôo. Comeu apenas e tão somente: bananas. Portanto, tive minha cota preenchida deste alimento pastoso, intrusivo, arrogante e amarelo.
Sim... Ele é nojentamente pastoso. Inclusive a amassam, de vez em tanto, na teoria de que isto a torna atrativa. Desde quando comer lama clara é algo tentador? Ah lógico, com canela e açúcar, até jiló pode ser candidato a ser interessante. Sejamos razoáveis: pasta gosmenta não pode ser, nem de longe, esteticamente aceitável.
Intrusivo. Deveras intrusivo. Longe de mim, bancar a moralista, mas se temos problemas na fase oral, deve haver objetos fálicos bem mais interessantes a serem utilizados. Algo que se esforça pra parecer reto, mas está sempre curvo e pronto a segurar uma bengala virtual não pode ser sexy.Algo que pede pra ser triturado porque já é meio mole, não é nada afrodisíaco. Banana é aquele que tenta invadir e não tem competência. É intrusivo e nunca chega a desbravador.
Arrogante. Casca muito grossa. Necessariamente, você tem que observar bananas sob a casca grossa. Não há como engolir aquela grosseria. Não há como experimentar a essência, infeliz que seja, com a casca e tudo. E quando se despe a casca: nada... algo mole, torto e de cor sem graça. É o strip-tease do Costinha no auge de seus 90.
Amarelo. Eu odeio amarelo. É a cor do desespero e do alerta. Não há de ser algo bom. A natureza é sábia, alerta "coma apenas em desespero". Banana é de uma falsidade, porque lá no fundo, nem isto banana é. Tem uma máscara amarela que cai ao primeiro sintoma de pânico... oops... fome. Banana é a fingida alegria do amarelo. Lá dentro, temos apenas esta cor indefinível, esta cor de burro quando foge.
Ok... há quem goste de amarelo. Há mesmo quem goste de banana. Aliás, eu, conheço poucos e bons que compatilham da minha visão evoluída sobre tal alimento. Acredite-me: os que odeiam banana têm um certo quê. Mas te peço: não me ofereça bananas... de preferência não seja um banana... e também, não se faça passar por um... Porque, de resto como eu disse eu odeio bananas... e amarelo. E eu, de banana, não tenho nada.

Sobre o arco-íris e fogos de artifício


Publicado originalmente em 25 de abril de 2010. Era uma tarde clarividente e melancólica.


Sabiam-se de contato não casual, mas distraídos que são, não saberiam controlar os resultados do encontro. Eram todo um bem, e provavelmente todo um mal, de rara importância. Enfim, quem pode controlar o fluxo do eterno tilintar das trocas entre almas? Compreendiam que o elo de entendimento era quase visível e mesmo que um preferisse o arco-íris aos fogos de artifício do outro, subiram no dirigível.Não há porque evitar a comemoração barulhenta e espontânea quando se atinge o pé do arco-íris em toda sua beleza.

Passeio encantado em vale de fada termina ao fim do filme. Cavaleiros andantes se apaixonam mais pela cruzada que pela chegada. Eram sabedores intuitivos até mesmo disso. Reis de sonhos, almas encantadas, crianças crescidas, no entanto, não seriam tentados a parar por tão pouco. Flutuaram portanto entre as palavras, os sussurros e as telepatias. Entre risos e sorrisos, pousaram aqui e ali e dormiram pra sonhar, cada um em seu canto quase o mesmo sonho. Eram de sincronicidade impressionante e que ainda conhecida, sempre os surpreendia, porque a vida é isto: um pouco de sorriso, um pouco da surpresa.E se embeveciam de olhar um dentro do outro, serenamente. Um encanto adocicado, apimentado, amargurado.

Então, a bruma. Era hora de tirar a armadura e as botas vermelhas. A estrada continuaria ali. Não é preciso esvaziar os balões, ou fechar os portões. Apenas eliminariam o peso extra, por ora. Afinal, eram leves, eles. E depois, até mesmo o arco-íris permaneceria lá, eles sabiam. Estranha certeza de sempre acreditar na essência da não-casualidade. Prepotentes, talvez. O grande problema é que, neste momento, lhes faltava distração. Tão focados, cada um em si, não é possível amar o outro. É preciso certo desprendimento para morar em outra alma. E com eles, o cotidiano rotineiro não seria convincente. Então, apenas viveram, cada um por si, como puderam.

Ao pé do ouvido, senti a umidade da lágrima e a voz terna: "Sinto falta do encontro das nossas almas, mais do que qualquer outra coisa. Encantava-me dos pequenos detalhes, pequenas alegorias que me faziam sorrir e que brotam do nada sempre entre as memórias... Mas... Encontrar almas é uma sensação mais etérea e talvez me esqueça. Esqueço? Me lembro. Almas são eternas, e seu entrelaçar se dá, arrebatadora ou sutilmente. Ou ambos. Dos sentimentos mundanos, tudo se rouba. Dos afetos da alma, nada se pode subtrair. O porvir não se faz esperar."

Apaziguada com a essência da voz, fui-me, reencontrar com eles em sonho...